Como Deus cuida de mim?
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Deus cuida de mim interferindo em minhas circunstâncias. Ao ler na Bíblia que nenhum pardal cai no chão sem o consentimento de Deus, e que até mesmo os cabelos da nossa cabeça estão todos contados por Deus, de modo que não precisamos viver amedrontados [Mateus 10.29-31], assumo isso como verdade e relaxo. Creio que devo viver seguro de que nada acontece em minha vida sem que Deus tenha, no mínimo, permitido que acontecesse. Deus nunca é pego de surpresa a meu respeito, e nenhuma de minhas circunstâncias escapa ao seu controle. Não me ocupo em ficar procurando a mão de Deus ao meu redor. Não preciso explicar todos os fatos como causados por Deus, nem tento ficar espiritualizando e explicando tudo o que se passa comigo como "Deus fez isso, Deus não fez aquilo". Minha sensação é mais ou menos a do meu filho que quer brincar à beira do mar e me ouve dizer: "Pode ir, o papai vai ficar aqui olhando você". Meu filho é assim: corre em direção à água e brinca despreocupado. Ele sabe que seu Pai está olhando por ele. Confio que Ele fará o melhor, pois além de sábio e poderoso, nosso Pai tem mais uma característica: Ele nos ama.
Deus cuida de mim capacitando-me para enfrentar qualquer situação. É desta maneira que interpreto "tudo posso naquele que me fortalece" [Filipenses 4.13]. Esse "tudo posso" não diz respeito a passar no vestibular, ganhar um emprego, arrumar uma namorada, ou qualquer outra coisa a respeito da manipulação das minhas circunstâncias. "Tudo posso" significa que "aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura" [Filipenses 4.12]. Caso interpretássemos o "tudo posso" da maneira tradicional: "posso conseguir tudo o que quero", não teríamos como explicar porque o mesmo Paulo, apóstolo, não conseguiu se livrar de seu "espinho na carne". Nesse caso, o "tudo posso" significa "posso conviver com um espinho na carne", pois a graça de Deus é suficiente para me manter em pé e saudável mesmo convivendo com um espinho na carne, pois "o poder de Deus me faz forte" [2Coríntios 12.7-10].
Deus cuida de mim para transformar em bem o mal que veio contra mim. O ensino bíblico que promete que "todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus" deve ser interpretado à luz de duas observações. Em primeiro lugar, o "bem" prometido não é circunstancial, isto é, "Deus impede você de ganhar 1.000 porque Ele quer lhe dar 100.000". O conceito que Deus tem de "bem" é fazer de mim alguém semelhante ao filho dEle, para que Jesus seja o primogênito dentre muitos irmãos. Mas em segundo lugar, a promessa de que todas as coisas cooperam para o bem", geralmente compreendida como "Deus manipula todas as circunstâncias para que seus filhos sejam favorecidos no final" pode e deve ser interpretada de outra maneira, como, por exemplo, sugere a nota de rodapé da Bíblia Nova Versão Internacional: "Sabemos que em todas as coisas Deus coopera juntamente com aqueles que o amam, para trazer à existência o que é bom" [Romanos 8.28,29]. Essa tradução apresenta Deus, não como um solucionador de problemas ou manipulador de circunstâncias, mas como parceiro dos seus filhos, ocupado em conduzí-los à maturidade e torná-los capazes de andar com suas próprias pernas mesmo em situações difíceis e dias maus. Creio que esta é a experiência de Davi: "Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem" [Salmo 23.4], e também a convicção de José, no Egito: "vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem" [Gênesis 50.20]. Creio que por trás da minha história, Deus está escrevendo a dEle, e que em alguns momentos, mesmo o mal que me acontece, é usado por Deus para o meu bem.
Finalmente, Deus cuida de mim preservando minha integridade espiritual. Sei que o ser humano é uma unidade indivisível corpo+espírito, mas mesmo assim escolho a palavra "espiritual" para expressar a idéia de que o mal pode tocar meu corpo, meus bens, minhas circunstâncias, mas não pode causar nenhum dano em meu relacionamento com Deus ou abalar minha identidade mais profunda, que a Bíblia chama de "homem interior" [2Coríntios 4.16-18], a menos que eu permita. Nesse sentido é que todos os cristãos somos mais do que vencedores, pois sabemos que "nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor" [Romanos 8.38,39].
Essa "proteção espiritual" é o real significado do Salmo 91, por sinal um Salmo messiânico, que promete que Jesus "pisará o leão e a cobra; pisoteará o leão forte e a serpente" [Salmo 91.13]. Por isso João, apóstolo, expressou sua convicção que "todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado; aquele que nasceu de Deus o protege, e o Maligno não o atinge" [1João 5.18].
Destas maneiras creio que Deus cuida de mim: interferindo em minhas circunstâncias, dando-me condições de viver bem em qualquer situação, cooperando comigo para extrair o bem de tudo o que me acontece, e cerceando todo o poder do mal contra mim, de modo que nosso relacionamento de amor jamais seja abalado.
Gosto de Viktor Frankl quando diz que "se a situação é boa, desfrute-a; se a situação é ruim, transforme-a; se a situação não pode ser transformada, transforme-se". Isto é, quando amanhece chovendo, e Deus, em sua perfeita economia, decide não atender meu pedido por sol, eu saio na chuva mesmo. Sejamos transformados e transformadores como discípulos amados.
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